O MISSIONÁRIO QUE VIROU ATEU APÓS VIVER COM ÍNDIOS BRASILEIROS E FEZ UMA DAS MAIORES DESCOBERTAS DA HISTÓRIA DA LINGUAGEM

Americano Daniel Everett criou hipótese sobre história da linguística que desafia a tese mais corrente, de Noam Chomsky, sob influência direta de suas 3 décadas passadas na Amazônia.

Daniel Everett na Amazônia; ao conviver com índios pirahã, o então missionário se tornou ateu e criou teoria linguística que desafia a tese predominante — Foto: Arquivo pessoal
Daniel Everett na Amazônia; ao conviver com índios pirahã, o então missionário se tornou ateu e criou teoria linguística que desafia a tese predominante — Foto: Arquivo pessoal

O linguista e acadêmico americano Daniel Everett teve sua vida completamente transformada por conviver, ainda nos anos 1970, com os índios brasileiros da tribo pirahã, na Amazônia.

Everett, na época missionário cristão, uniu-se à tribo com a missão de traduzir a Bíblia ao idioma pirahã. Não saiu conforme o planejado: o americano não só ficou surpreso com a estrutura inusual do idioma dos pirahã, como pela vida cotidiana da tribo. O então missionário acabou se tornando ateu.

“A língua deles não tem passado nem presente — ‘eu vou’ pode ser ‘eu fui’ ou ‘eu irei’. Você precisa entender o contexto”, explica Everett em entrevista por telefone à BBC News Brasil, em português fluente pelas três décadas passadas estudando as línguas do Brasil.

“Aprendi sobre uma autoconfiança que eles têm de poder lidar com seu meio ambiente, e a felicidade que essa confiança traz para eles. Eles sabem que existe um passado, mas não falam sobre ele porque o passado já era, ‘o importante é cuidar dos nossos filhos, cuidar do meu ambiente agora e não se preocupar com o futuro’. (…) Eles não têm culto ou religião, não têm crença em um Deus superpoderoso que criou o mundo. Simplesmente são, na realidade, cientistas, empíricos — têm conhecimento pelas experiências na mata, e não especulações sobre o que não dá para ver”, afirma.

“É a vida sem crenças religiosas e a satisfação que isso traz para seres humanos. Por causa deles hoje sou ateu. Não estou defendendo o ateísmo, estou simplesmente dizendo que isso representa uma alternativa de vida.”

O estudo dessa estrutura linguística curiosa dos pirahã evoluiu para uma proposição que hoje desafia a mais estabelecida teoria da Linguística e que Everett volta a detalhar em um livro recém-lançado em português, Linguagem: A História da Maior Invenção da Humanidade (editora Contexto).

“Sem essa invenção não haveria nenhuma outra”, argumenta. “A linguagem foi essencial para todas as civilizações, para todas as outras tecnologias, para tudo o que temos.”

Daniel Everett com índios pirahã; ‘Aprendi sobre uma autoconfiança que eles têm de poder lidar com seu meio ambiente, e a felicidade que essa confiança traz para eles’ — Foto: Arquivo pessoal
Daniel Everett com índios pirahã; ‘Aprendi sobre uma autoconfiança que eles têm de poder lidar com seu meio ambiente, e a felicidade que essa confiança traz para eles’ — Foto: Arquivo pessoal
Choque de teorias
Everett defende em seu livro que línguas como a pirahã “não parecem possuir qualquer gramática hierárquica” ou estruturada como os demais idiomas, nem parecem ter a chamada recursão, processo linguístico que consiste em inserir uma frase dentro da outra (o recurso de unir, por exemplo, as frases “homem caminha pela rua” e “homem veste chapéu” em “o homem que veste chapéu está caminhando pela rua”).

Essa proposição, porém, desafia a teoria predominante da linguística, encampada pelo influente intelectual Noam Chomsky, que defende a ideia de uma “gramática universal”: de que alguns aspectos estruturais, como a recursão, são comuns a todos os idiomas e de que humanos possuem uma capacidade inata e genética relacionada à aquisição da linguagem. Nesse caso, a linguagem não seria, portanto, uma invenção humana, mas inata aos humanos.

Em resposta à teoria de Everett, Chomsky já chegou a chamá-lo de “charlatão” e argumentou que as peculiaridades do idioma pirahã não colocariam em xeque a “gramática universal”, uma vez que os falantes da língua teriam, segundo ele, os mesmos componentes genéticos que o restante da humanidade.

Everett diz não descartar o valor da genética na linguagem, mas defende que é preciso considerar o papel da cultura humana no desenvolvimento dos símbolos, que por sua vez levam às línguas.

“Nosso cérebro maior se deve à genética, então não estou dizendo que a genética seja irrelevante — mas não necessariamente uma linguagem especificamente designada à linguagem. A inteligência junto com a cultura, a meu ver, é capaz de explicar a origem da linguagem”, afirma à BBC News Brasil.

“Durante muitos anos achei (a teoria de Chomsky) não somente plausível como a aceitei, mas acho que (…) a explicação é mais simples. Sabemos que todos os seres humanos têm cultura, todo o mundo tem símbolos, e simplesmente não vejo necessidade de postular algo a mais (como a ‘gramática universal’). Acho que a diferença entre o ser humano e os outros animais não é tão grande quanto pensávamos.”

Do Homo erectus ao emoji
Outra divergência é temporal. Chomsky e colegas escreveram em artigos que “a faculdade da linguagem provavelmente emergiu recentemente em termos evolucionários, cerca de 70 mil a 100 mil anos atrás”.

Everett, porém, defende que ela é muito mais antiga e remete ao extinto hominídeo Homo erectus, 2 milhões de anos atrás, também sob a influência da cultura e da ânsia exploratória dessa espécie.

Seu argumento é de que o Homo erectus vivenciou a “primeira e maior era da informação” e foi capaz de viajar por diversos continentes e mares, de Israel à China e à Indonésia, graças a sua capacidade de imaginar e de se comunicar pela linguagem, embora com sons provavelmente diferentes dos que somos capazes de fazer hoje.

“Sempre que você falar sobre algo de 2 milhões de anos atrás, haverá controvérsia”, diz. “(Mas) sabemos que o Homo erectus tinha inteligência, cultura e símbolos, que o mar não era barreira para ele. (…) Somos as primeiras criaturas com cultura, então a ideia de que (isso) tenha evoluído para um sistema de símbolos mais avançado, ou seja, para a linguagem, não é tão difícil de imaginar quanto tem sido por causa da influência de Chomsky sobre muitos arqueólogos.”

O pesquisador afirma que assistimos a uma espécie de repetição disso atualmente com a proliferação dos emojis — que, embora não tenham sido criados “do nada”, como Everett diz ter sido o caso com a linguagem, são uma forma nova de comunicação.

“Se você coloca três emojis, faz uma sentença. É, de certa forma, a recriação da história da invenção da linguagem, com o Homo erectus. Estamos criando novos símbolos e encaixando esses símbolos em sentenças”, diz.

Nessa mesma linha, ele opina que nossa fascinação com as redes sociais nada mais é do que a sucumbência “ao impulso das trocas linguísticas” que carregamos há milhões de anos.

Influência brasileira
Everett diz que, para construir suas teorias, foi “fundamental” a experiência de mais de 30 anos que teve estudando a “riqueza linguística” das culturas indígenas da Amazônia brasileira.

E ele acha que avanços do desmatamento e das queimadas nas florestas podem ameaçar essa riqueza.

“Temos tantas lições a aprender ainda sobre as culturas e línguas amazônicas que destruir os ambientes necessários para sustentá-las tira do mundo inteiro uma fonte de conhecimento que não teríamos em nenhum outro lugar do mundo”, diz à reportagem. “Sabemos mais sobre nós quanto sabemos mais sobre eles. Estudar essas línguas e esses povos foi o maior privilégio da minha vida, eles me ensinaram mais sobre a natureza do ser humano do que qualquer coisa que li em livros.”

Por fim, Everett diz que gostaria que as pessoas mantivessem a mente aberta para múltiplas possibilidades sobre as origens das línguas.

“As pessoas têm que ser abertas para várias hipóteses diferentes. A minha hipótese sobre a origem a linguagem tem muito apoio, mas não estou dizendo que não é preciso estudar outras. Temos que ler muito e pensar muito, porque (nós humanos) somos apenas gorilas falantes e precisamos de toda a ajuda possível”, afirma.

“A natureza do ser humano é de achar que é especial em relação aos outros animais, mas não somos. Fazemos coisas estúpidas e brilhantes, de muita beleza ou muito feias. Mas a linguagem é que nos permite fazer isso tudo.”

‘UMA RELAÇÃO CASTRADORA’ : QUAL É O REAL PODER NA ITÁLIA

Nós, italianos, devemos à Igreja e aos sacerdotes, antes de tudo, por termos nos tornado pessoas más e sem religião. Devemos a eles algo ainda mais sério: que a Igreja tenha mantido e mantenha a Itália dividida.”
As relações
Foi assim que o filósofo Nicolau Maquiavel descreveu a relação entre a Itália e o Estado do Vaticano no início do século 16. Quinhentos anos depois, muitos italianos acreditam que a situação não mudou muito.

Jogos de poder — reais ou não —, intrigas e mistérios sempre acompanharam a complexa relação entre os dois países. E, apesar de ser o menor Estado soberano do planeta, o Vaticano representa mais de 1 bilhão de católicos em todo o mundo.

E sua influência vai além da religião, particularmente na Itália, o quinto no mundo em número de católicos, depois de Brasil, México, Filipinas e Estados Unidos. Mas qual é exatamente a influência que o Vaticano exerce hoje neste país?

Image copyrightAFPEstátua da Virgem Maria rodeada por fiéis
Image captionA Itália é o quinto país do mundo em número de católicos
Ferruccio Pinotti, jornalista do jornal Corriere della Sera e autor de vários ensaios de pesquisa sobre os interesses econômicos da Igreja Católica no país europeu, diz que esta influência “é extraordinária, sob todos os pontos de vista”.

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“Essa influência tem, para começar, razões históricas, já que o Vaticano é o herdeiro do Império Romano. E porque a Santa Sé, desde antes da formação do Estado italiano, teve um papel decisivo na política, economia, sociedade e o sistema de valores da Itália”, diz Pinotti.

Agostino Giovagnoli, professor de História Contemporânea na Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão, concorda haver “uma profunda influência da Igreja Católica na Itália, que vai além dos fiéis”. “No entanto, não é fácil explicar como essa influência se dá na prática.”

Uma história antiga de poder e religião
O Estado da Cidade do Vaticano, como o conhecemos hoje, nasceu em 1929, após o Tratado de Latrão com a Itália. Esse acordo entre a Santa Sé e Benito Mussolini reconheceu a independência e a soberania do Vaticano e regulamentou as relações civis e religiosas entre a Igreja e a Itália.

No entanto, essa história é muito mais antiga e remonta a muitos séculos. No início do século 4, o imperador Constantino decidiu erguer uma basílica em uma área pantanosa na margem direita do Tibre, onde, segundo a tradição, estava o corpo do apóstolo Pedro.

Foi só no século 15, durante o papado de Júlio 2º, que a basílica que conhecemos hoje começou a ser construída, com os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina e a atual Praça de São Pedro, que Bernini completou no século 17.

Por aproximadamente mil anos, os Estados Pontifícios controlaram grande parte da Itália central, um território no qual os papas exerceram seu poder temporal como qualquer outro soberano europeu da época.

Contudo, o processo de unificação da Itália no século 19 levou à progressiva perda dos territórios papais, e a declaração de Roma como capital da Itália, em 1870, significou o fim do poder temporal dos papas.

O papa da época, Pio 9, chegou a promover uma disposição chamada “Non expedit”, que aconselhava os católicos italianos a participar das eleições políticas do país e, por extensão, a participar da vida política italiana.

Image copyrightGETTY IMAGESTeto da Capela Sistina visto através de uma grade
Image captionO Vaticano é uma monarquia eletiva absolutista, em que o papa é escolhido pelos cardeais e detém os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário
O próprio Pio 9, confinado dentro dos muros da Cidade do Vaticano, declarou-se prisioneiro, dando origem a uma longa disputa diplomática, a chamada “Questão Romana”, que durou 59 anos, até a assinatura em 1929 do Tratado de Latrão.

Uma parte desse acordo, o “Concordat”, foi revisado em 1984 pelo então primeiro-ministro italiano, Bettino Craxi.

Com essa reforma, a cláusula que definia a religião católica como religião do Estado foi eliminada, a educação religiosa tornou-se opcional nas escolas.

Além disso, um mecanismo tributário foi estabelecido para financiar a Igreja Católica, comumente referida como “8 por mil”, em que os contribuintes doam 0,8% de seu imposto de renda para uma das religiões reconhecidas no país ou para programas de assistência social do Estado italiano — o cidadão pode escolher para quem irá o dinheiro.

A influência na sociedade
Atualmente, na Itália, mais de 50 milhões de cidadãos são batizados pela Igreja e dois terços da população (cerca de 60 milhões) se declaram católicos.

Cerca de 29% deles, de acordo com dados de 2016 do instituto de estatística ISTAT, vão à missa pelo menos uma vez por semana nas quase 67 mil igrejas de todo o país.

Estas igrejas ficam agrupadas em 224 dioceses, que são o território em que um sacerdote — arcebispos, bispos, etc. — exerce jurisdição eclesiástica. “É uma capilaridade que não existe em nenhum outro lugar do mundo”, diz Franco Garelli, professor de sociologia da religião da Universidade de Turim.

De fato, na Alemanha existem 27 dioceses para 25 milhões de fiéis. Na França, 100 para 47 milhões. Na Espanha, 70 para 42 milhões. Somente o Brasil, o país com mais católicos batizados do mundo, tem mais dioceses: 275. Mas elas atendem um número bem superior de fiéis (172 milhões).

“A capilaridade da presença católica no território italiano tem, por um lado, um papel litúrgico e, por outro, é constituída por um conjunto de paróquias, associações e grupos de voluntários que apoiam uma parte importante da sociedade.”

Isso se traduz, segundo Garelli, em uma “influência política indireta” exercida pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) para que as leis italianas reflitam “a identidade cristã da nação” .

O Vaticano sempre defendeu o papel ético da religião católica na sociedade italiana. Durante anos, a Igreja justificou sua presença no debate público com o argumento de que a maioria dos cidadãos compartilha, mais ou menos ativamente, de suas posições em questões como defesa da vida desde a concepção, salvaguarda da família tradicional e rejeição total de qualquer tipo de lei que permita a eutanásia.

A reportagem entrou em contato com os diretores do L’Osservatore Romano, jornal do Vaticano, e do jornal Avvenire, editado pela CEI, mas ambos se recusaram a participar.

“Até alguns anos atrás, a Igreja considerava que havia valores irrevogáveis ​​para os fiéis e, portanto, irrevogáveis ​​também para uma sociedade predominantemente católica e italiana”, explica Garelli.

“Em especial, a CEI travou inúmeras batalhas para manter uma visão católica sobre questões éticas e o papel da família tradicional”.

Questões controversas
A Itália é, por exemplo, um dos poucos países da Europa Ocidental que não reconhece legalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Image copyrightAFPCardeais da Igreja Católica vistos de costas
Image captionVários livros nos últimos anos denunciaram casos de corrupção no catolicismo
No último ranking de 2019 da ILGA Europa, que registra o nível de proteção dos direitos das pessoas LGBTI no continente, a Itália ficou na 35ª posição de 49 países.

Mas essa “visão católica” também afeta outras áreas dos direitos civis. Até 2014, por exemplo, a fertilização assistida heteróloga, quando o(s) doador(es) de gametas ou embriões não faz(em) parte do casal, era proibida por lei. Ainda hoje, é muito difícil realizar esse procedimento.

Mesmo o direito ao aborto, reconhecido legalmente desde 1978, enfrenta resistências, uma vez que médicos se recusam a realizá-lo por motivos religiosos. Segundo um estudo de 2016, 70% dos médicos italianos alegam objeção de consciência para não fazer o procedimento.

“A Igreja italiana continua a ter um poder de persuasão moral muito forte sobre a sociedade italiana”, explica Giovagnoli, que pesquisa há anos as relações entre o Estado italiano e a Igreja Católica.

Image copyrightGETTY IMAGESMulheres em uma procissão católica
Image captionAté 2014, as mulheres não podiam realizar fertilização heteróloga assistida no território italiano
No entanto, ele esclarece: “Seu poder de condicionamento institucional nos últimos anos diminuiu consideravelmente”, porque, em 1992, sua referência política por 50 anos, o partido Democracia Cristã (DC), encerrou suas atividades.

Um ator político e econômico fundamental
“Lembre-se, no sigilo da cabine de votação, Deus os vê… e Stalin não.” A frase pronunciada pelo padre protagonista do filme Don Camilo e o honorável Peppone , de 1955, descreve como, após a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria, os sacerdotes fizeram campanha abertamente pelo DC.

“Antes de todas as eleições, os bispos italianos indicavam claramente em quem votar”, diz Giovagnoli. Isso contribuiu para o fato de o DC estar continuamente no governo italiano de 1946 a 1992.

Image copyrightGETTTY IMAGESGiuseppe Conte em uma missa na Basílica de São Pedro
Image captionO atual primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, formou-se em um instituto religioso em Roma
Além dessa presença política importante, a Igreja italiana também tem uma herança econômica relevante. Segundo Gruppo Re, que assessora o Vaticano em questões econômicas, 20% dos imóveis italianos são de propriedade da igreja.

São um total de 115 mil edifícios, incluindo igrejas, escritórios, hospitais, escolas, asilos, orfanatos, universidades, hotéis, edifícios residenciais e terrenos. Em muitos deles, o Vaticano não é obrigado a pagar impostos.

Além disso, através do imposto “8 por mil” — calculado de acordo com a declaração anual de renda —, somente em 2019, a Igreja Católica recebeu cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 4,8 bilhões) do Estado italiano, que pode ser usado conforme seus próprios critérios.

Image copyrightGETTY IMAGESManifestação LGBT na praça de São Pedro
Image captionMuitos analistas dizem que a razão pela qual não há casamento gay na Itália é a influência política do Vaticano
O Vaticano também tem seu próprio banco, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), que, nas últimas décadas — e até uma reforma promovida pelo Papa Francisco — esteve envolvido em casos de lavagem de dinheiro e relações com organizações criminosas.

A reportagem entrou em contato com as agências oficiais do Vaticano para discutir esse assunto, que se recusaram a participar.

“O Vaticano, por meio de suas instituições financeiras, possui enormes recursos e poder. Além disso, pode contar com uma rede de organizações como Opus Dei e Comunion and Liberation, entre outras, que funcionam como um lobby, com enormes influência no mundo dos negócios”, explica Pinotti.

“Se tivesse que resumir a ligação entre a Itália e o Vaticano ao longo da história, diria que é uma relação castradora, que impediu o crescimento social e civil italiano.”

O processo de secularização
No entanto, nos últimos tempos, a situação vem mudando, principalmente desde que o Papa Francisco chegou”, diz Pinotti.

Image copyrightAFPUm padre entre cadeiras vazias
Image captionCada vez menos jovens na Itália participam de cerimônias religiosas
Segundo o jornalista, dentro da Igreja, “há um duro confronto entre grupos mais tradicionalistas, que desejam manter seu poder na economia, nas finanças e na política, e o papa, que está realizando uma reforma corajosa do Igreja que incomoda muita gente”.

Ao mesmo tempo, de acordo com Giovagnoli, a Igreja Católica enfrenta um processo de “descristianização” nos últimos anos, ou seja, uma diminuição do sentimento religioso católico na população, principalmente entre os mais jovens.

Uma investigação sociológica publicada por Garelli em 2016 mostrou que o número de “não fiéis” entre jovens de 18 a 29 anos passou de 23% em 2007 para 28% em 2015, enquanto “fiéis convictos e ativos” são 10,5%. Em geral, mais de um quinto da população italiana não entrou em uma igreja no último ano.

Image copyrightAFPRetrato do Papa Francisco
Image captionO Papa Francisco tenta cumprir uma agenda de reformas, mas enfrenta um setor muito conservador
Há outro fato que demonstra o declínio na relevância da religião na sociedade: em 2014, 108 mil casamentos religiosos foram realizados na Itália, 61.593 a menos do que em 2004 e 127.936 a menos do que em 1994. O Censis, mais prestigiado instituto de estudos sociológicos da Itália, prevê que, nesse ritmo, em 2031, não haverá casamentos católicos.

Segundo Giovagnoli, está ocorrendo na Itália um processo de secularização, semelhante ao que outros países europeus de tradição católica, como França e Espanha, estão passando, embora de forma menos acentuada e mais gradual.

“Provavelmente, assistiremos nos próximos anos a uma transformação. Haverá menos votos católicos, mas continuará a haver uma importante sensibilidade católica. Haverá menos influência na política, mas maior influência na dinâmica social subjacente.”

E ele conclui: “Certamente haverá menos influência econômica, mas a Igreja Católica continuará sendo uma âncora de segurança para uma sociedade frágil como a italiana”.

DELIVERY DE COMBUSTÍVEL CHEGA AO BRASIL; SERIA O FIM DOS POSTOS?

A gente tem acompanhado um constante avanço na tecnologia, com a premissa de tornar o cotidiano cada vez mais fácil. Os bancos já aderiram aos aplicativos, reduzindo a quase zero a necessidade de ir até uma agência. No entanto, a nova aposta de um aplicativo chamado GOfit é levar isso a outro nível, suprindo a necessidade de se locomover até um posto de gasolina para abastecer o carro (ou a moto). Uma realidade em que a gasolina vem até você parecia incogitável… até agora.

Intitulado GOfit, o aplicativo viralizou e gerou uma pulga atrás da orelha na maioria do público, afinal, há uma cultura estabelecida desde sempre, de ir até o posto, encher o tanque, etc e tal. Sendo assim, como é que funciona esse lance de delivery de combustível? Bom, se você imaginou um motoboy te entregando um galãozinho de gasolina, passou longe. Na verdade, o app vai funcionar da seguinte maneira: você solicita os serviços, e uma espécie de caminhão pipa vai até a sua localização. Então, o funcionário desce e abastece seu carro ali mesmo.coloca a mangueira (aquelas de posto mesmo) no seu carro, e abastece.

Com o GOFit, a gasolina vem até você, substituindo a necessidade de ir até um posto
Ainda não se sabe qual vai ser a reação do público em geral, afinal esse tipo de serviço é simplesmente inédito no Brasil. Pode dar muito certo, transformando os postos de combustível nas novas videlocadoras, abandonados em meio a uma mudança radical de hábitos. No entanto, o mais provável é que o aplicativo seja majoritariamente utilizado nas grandes emergências, como quando acaba todo o combustível e não há nenhum posto próximo, ou algo assim. Resta esperar para ver se o GOFit vai cair nas graças do público ou não.

Delivery

Aplicativo já está disponível na Play Store
Também não está claro quando o aplicativo chega para iOS, mas ele já está disponível na Play Store, então usuários de dispositivos Android podem começar a testar se o delivery de combustível é um serviço válido. Por enquanto, os serviços do GOfit atendem apenas as seguintes regiões do Rio de Janeiro: Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e Vargem Pequena, mas se der certo, pode se expandir (como aconteceu com aplicativos de outros serviços, como mobilidade – Uber, 99 – ou delivery de comida – iFood, Rappi). Além disso,é válido observar que o preço da Gasolina no aplicativo está R$ 4,79 o litro, enquanto o Etanol está R$ 3,59 o litro.

GOfit oferece delivery de combustível, sendo que a Gasolina no aplicativo está R$ 4,79 o litro, enquanto o Etanol está R$ 3,59 o litro
Na prática, funciona assim: você seleciona a localização, o horário (você vai indicar até que horas o carro estará disponível no local. Quando a empresa receber o seu pedido com a hora-limite determinada, vai verificar a capacidade de atendimento para confirmar o pedido) e tipo de combustível (Etanol ou gasolina), além da quantidade de litros que deseja pedir. Se for encher o tanque, o app já está configurado para reconhecer quantos litros seu carro precisa. Por enquanto, a taxa de entrega é de apenas R$ 0,01. No entanto, existe uma taxa de cancelamento de R$ 7,00. A partir do momento que o serviço for confirmado, se você precisar cancelar, a taxa será cobrada no seu cartão de crédito. Vale lembrar que cada usuário pode cadastrar e solicitar abastecimento para até 5 carros. Além disso, é preciso ter uma pessoa responsável por abrir o tanque do carro no momento do abastecimento. Você pode deixar a chave com o porteiro, por exemplo.

ENTRA EM VIGOR NA RÚSSIA LEI DE “INTERNET SOBERANA”

Para críticos, rede centralizada e controlada internamente significa mais vigilância estatal. Segundo Putin, mais provável do que Rússia se isolar digitalmente, é perigo de Ocidente cortar acesso russo à WWW.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quer se proteger contra ciberataques desenvolvendo uma arquitetura própria de rede digital. Em nome da segurança cibernética, a lei que entra em vigor nesta sexta-feira (01/11) prevê que todo o tráfego de internet russo passe a ser conduzido a nós dentro do país.

Desse modo, se asseguraria que a internet russa siga funcionando, mesmo que as operadoras domésticas não consigam se conectar com servidores estrangeiros. Além disso, as operadoras nacionais devem poder exercer controle central sobre o tráfego dentro de suas redes, estando assim supostamente aptas a identificar e combater potenciais ameaças.

Responsáveis pelo controle seriam, em primeira linha, o Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia Informática e Mídia de Massa (Roskomnadsor) e a agência de segurança interna FSB. Para a implementação da nova norma, os provedores terão que adquirir novos equipamentos. Os custos são enormes, e muitas questões técnicas ainda estão em aberto.

Até então, as operadoras de internet russas podiam funcionar sob as condições do livre mercado, explica o especialista Alexander Isavnin, da organização independente Roskomswoboda (Pela liberdade na rede). Agora, o Estado passa a exercer influência direta.

Protestos contra “Putin Net” em Moscou, março de 2019
A lei, assinada por Putin em maio, prevê ainda um abrangente armazenamento de dados. Críticos veem aí um pretexto para ampliar o controle político. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta violação de direitos humanos como liberdade de opinião e livre acesso à informação.

Em meados do ano, milhares de cidadãos protestaram contra a nova lei. Desde já, são bloqueados na Rússia numerosos websites, por exemplo, da oposição. Ativistas temem que no futuro seu país fique digitalmente isolado e que se intensifique a vigilância pelos serviços secretos.

A liderança russa rechaça as ressalvas dos críticos. Segundo o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov, não há planos de desacoplar o país da World Wide Web: bem mais palpável seria o perigo de o Ocidente cortar o acesso da Rússia à rede. Por isso, o país necessitaria uma infraestrutura digital independente para uma internet autônoma. Putin defende a “internet soberana” como essencial à segurança nacional.

POUSO EM PORTA-AVIÕES: PILOTOS RUSSOS REVELAM COMO FAZEM UMA DAS MANOBRAS MAIS COMPLICADAS

Pilotos russos falam de suas experiências e precisão necessária para pousar aeronaves em porta-aviões.

Motores no máximo, impacto no convés, rolagem curta e frenagem brusca com o cabo de retenção… Em 1º de novembro de 1989, pela primeira vez na história da Marinha russa, o piloto de testes Viktor Pugachev pousou um caça Su-27K no cruzador porta-aviões Admiral Kuznetsov. O pouso no navio é considerado um dos elementos mais difíceis do treinamento de voo.

Ao primeiro toque
De acordo com as memórias do Herói da União Soviética Viktor Pugachev, o navio saiu para o mar no dia 1º de outubro de 1989 e prosseguiu imediatamente para a área da baía de Eupatória.

Caça embarcado Su-33 da Força Aeroespacial russa pousa no convés do porta-aviões Admiral Kuznetsov ao largo da costa da Síria
© SPUTNIK / MINISTÉRIO DA DEFESA DA RÚSSIA
Caça embarcado Su-33 da Força Aeroespacial russa pousa no convés do porta-aviões Admiral Kuznetsov ao largo da costa da Síria
“Começaram os testes conjuntos do navio e dos aviões”, diz Pugachev. “Em novembro houve condições para o primeiro pouso e nós recebemos todas as autorizações pertinentes. Antes disso treinávamos voos arremetendo. Tocávamos no convés sem soltar o gancho e fazíamos mais uma volta. Já no ar, veio a ordem para fazer o pouso completo. Tudo o que eu tinha que fazer era soltar o gancho e pousar com frenagem, o que foi feito com sucesso.”

A principal dificuldade ao pousar em um porta-aviões é que, ao contrário de um aeródromo clássico, o piloto só tem um comprimento mínimo de pista para frenar até à parada total. Não há margem para erro.

Caça Su-27K no convés do porta-aviões Admiral Kuznetsov da Frota do Norte da Rússia
© SPUTNIK / OLEG LASTOCHKIN
Caça Su-27K no convés do porta-aviões Admiral Kuznetsov da Frota do Norte da Rússia
“O comprimento padrão de uma pista é de pelo menos dois quilômetros”, explica Anatoly Kvochur, piloto de testes que participou do desenvolvimento do sistema de decolagem e pouso no porta-aviões do Admiral Kuznetsov. “Em um porta-aviões a pista é de cerca de setenta metros, por isso é necessária a maior precisão. Pousar em um navio e decolar dele é uma tarefa muito difícil, tanto para o piloto como para o material.”
O piloto tem de ter precisão minuciosa. A aeronave deve ser pousada sobre uma pista curta com apenas cerca de quarenta metros de comprimento. A aproximação é feita sob um certo ângulo de inclinação de apenas três ou quatro graus. O toque deve ter lugar a não mais que dois metros do eixo central do convés de voo. Normalmente o porta-aviões está em movimento, pelo que a trajetória de descida tem de ser constantemente ajustada.

Segundo cabo
No porta-aviões há dispositivos especiais como cabos de desaceleração para a parada rápida de um aparelho de 20 toneladas. São cabos de aço fortes e flexíveis estirados transversalmente no convés. Há quatro deles no Kuznetsov. A tarefa do piloto durante o pouso é pegar o cabo com o gancho de frenagem (um gancho na parte traseira da aeronave que é largado manualmente). Depois o sistema automático estica o cabo.

“A avaliação do exercício é considerada ‘excelente’ quando o piloto pega o segundo cabo”, especifica Kvochur. “O avião desce sem alinhamento, como em um aeródromo normal, ou seja, você toca no convés à mesma velocidade vertical.”
Os pilotos navais russos aprenderam a pousar com confiança no Kuznetsov, tanto com mau tempo, de noite ou em condições meteorológicas difíceis. “O sistema televisivo Luna ajuda a fazer pontaria com suas objetivas montadas no convés de voo.

Aviões Su-33 a bordo do cruzador porta-aviões pesado Admiral Kuznetsov durante a passagem do grupo aeronaval da Frota do Norte da Rússia pelo canal da Mancha
© SPUTNIK/ DOVER MARINA
Aviões Su-33 a bordo do cruzador porta-aviões pesado Admiral Kuznetsov durante a passagem do grupo aeronaval da Frota do Norte da Rússia pelo canal da Mancha
Nem todos podem se tornar pilotos de aviões embarcados. Os candidatos estão sujeitos a requisitos especiais, tanto físicos como psicológicos. No momento de toque e acionamento dos cabos de desaceleração há uma sobrecarga nas partes torácica e cervical da coluna vertebral. Além disso, a frenagem brusca também pode causar descolamento da retina, uma das doenças profissionais dos pilotos de porta-aviões em todo o mundo.

O piloto deve ser capaz de manter uma serenidade absoluta e tomar imediatamente a decisão adequada em situação de emergência. Por exemplo, para proteger a aeronave em caso de quebra do cabo, o piloto pousa no convés “a todo o gás”, para que o piloto possa manter a velocidade e arremeter para segunda volta, mesmo depois do toque no convés.

© SPUTNIK / MINISTÉRIO DA DEFESA DA RÚSSIA
Caça embarcado Su-33 da Federação da Rússia pousa no convés do porta-aviões Admiral Kuznetsov ao largo da costa da Síria
“Se um cabo rebentar, o avião não vai parar sozinho,” revela Kvochur. “Para tais casos há uma instrução clara: tocar na pista, aumentar o empuxo dos motores e ir para a segunda volta. Pior ainda se o cabo se partir depois de a velocidade se ter reduzido. O avião não poderá decolar e cai na água.”
Em dezembro de 2016, no porta-aviões Admiral Kuznetsov o cabo se quebrou e um caça caiu perto da costa síria. O piloto conseguiu se ejetar.

Um porta-aviões ‘terrestre’ e asas dobráveis
De acordo com Pugachev, antes de tocar o convés de um navio pela primeira vez, ele esteve treinando durante anos em um complexo de treinamento terrestre. A técnica de decolagem e aterrissagem era praticada até se tornar automática.

Na era soviética, os pilotos de convés eram treinados no Complexo Terrussaestre de Treinamento e Testes de Aviação (NITKA) na Crimeia. O simulador imita o convés de um porta-aviões e é formado por uma pista de aço equipada com trampolim e cabos de desaceleração.
Por sua forma e tamanho a pista é semelhante à do Admiral Kuznetsov e tem um trampolim de proa para decolagem. Após o colapso da URSS, a Rússia primeiro alugou esse centro de treinamento único à Ucrânia, mas depois construiu um complexo de treinamento no aeródromo naval de Yeisk, região de Krasnodar.

Complexo terrestre de treinamento da aviação embarcada Nitka, na Crimeia
© SPUTNIK / SERGEI MALGAVKO
Complexo terrestre de treinamento da aviação embarcada Nitka, na Crimeia
A aviação embarcada da Marinha da Rússia está equipada com caças pesados Su-33, aviões de assalto Su-25UTG e caças MiG-29KR. Uma das características distintivas das aeronaves da aviação embarcada são as asas dobráveis, que facilitam o seu estacionamento em porta-aviões.

O Su-33 tem uma maior área de asa e tem canards frontais adicionais, em comparação com o seu análogo terrestre Su-27. Os Sukhoi embarcados estão também equipados com chassi reforçado, resistente a impactos durante o pouso, com sistema de reabastecimento de combustível em voo e equipamento especial de navegação.

NASA DIVULGA DETALHES DE FUTURAS MISSÕES NA SUPERFÍCIE DA LUA

Agência quer missões de longa duração, com equipes de 2 a 4 astronautas, e espera começar a preparação para uma base permanente antes de 2030
A Nasa divulgou alguns detalhes de como serão as missões na superfície da Lua durante o programa Artemis, que busca levar o homem, e ao menos uma mulher, de volta ao nosso satélite já em 2024. Ao contrário do programa Apollo, cujo objetivo primário era político, desta vez ?teremos um programa científico bem robusto desde o começo?, disse John Connoly, cientista da Nasa.

A primeira missão, com dois astronautas, ficará na superfície lunar por 6 dias e meio, o dobro do tempo da mais longa missão Apollo. Os astronautas farão ao menos 4 caminhadas, onde irão realizar uma série de observações científicas e coletar amostras de gelo lunar.

Várias regiões a distâncias de 5 a 15 Km do local de pouso estão permanentemente à sombra, onde pode haver gelo na superfície. Estes locais seriam alcançados com o uso de um veículo (rover) não pressurizado (como os ?Moon Buggy? usados nas missões Apollo 15, 16 e 17), que seria levado à Lua em uma missão anterior.

A Nasa espera realizar um segundo pouso do programa Artemis em 2025, seguido da entrega de um novo rover pressurizado em 2026, que possibilitaria aos astronautas percorrer distâncias muito maiores. Ao final da década, a agência espera estar realizando missões com 14 dias de duração e 4 astronautas, e começar a montagem de instalações para produção de água e oxigênio, essenciais para o estabelecimento de uma base permanente.

Um dos pontos chave no projeto do veículo de pouso (lander) é a capacidade de retorno de amostras lunares. Durante o programa Apollo a Nasa trouxe para a Terra um total de 382 Kg de rochas em cinco missões tripuladas.

O objetivo no programa Artemis é ter a capacidade de trazer ao menos 35 Kg de rochas por missão, com uma carga ideal de 100 Kg. O estudo das rochas na superfície lunar nos permite ter uma melhor idéia de como a lua, e a Terra, se formaram bilhões de anos atrás.

ESPECIALISTA EXPÕE ‘SURPRESA’ DESAGRADÁVEL QUE PIONGYANG PODE PREPARAR PARA WASHINGTON

Uma das opções de surpresas desagradáveis, que a Coreia do Norte pode estar preparando para os EUA neste momento, é o desenvolvimento do programa de mísseis balísticos para submarinos, comenta especialista.

“[Os norte-coreanos] têm um programa de trabalho semicongelado sobre mísseis balísticos para submarinos”, disse Ilia Dyachkov, professor associado de Estudos Orientais do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou.

“Eles têm suas próprias dificuldades significativas, sendo a principal delas o fato de, mesmo que sejam desenvolvidos mísseis balísticos lançados de submarinos [SLBM] perfeitos, eles não têm submarinos nucleares, eles só têm navios movidos a diesel, ruidosos, e é difícil usá-los em modernas operações de combate reais”, complementou.
O especialista também mencionou outras áreas de trabalho possíveis.

“Que coisas desagradáveis podemos esperar? Trata-se da continuação das pesquisas nucleares, do início de um novo ciclo de trabalho. Também uma continuação real do trabalho sobre mísseis de longo alcance”, disse Dyachkov.

Arsenal poderoso
A Coreia do Norte também pode oferecer aos Estados Unidos surpresas fora do campo militar, segundo o analista.

“Além disso, os norte-coreanos são geralmente criativos, e as surpresas podem não ser necessariamente entendidas como preparativos militares ou novos testes. Talvez encontrem outra forma de lutar pelos seus interesses”, destacou.

Anteriormente, o embaixador russo em Pyongyang, Aleksandr Matsegora, disse em uma entrevista que, além do lançamento de mísseis, a Coreia do Norte tem bastantes mais “surpresas” em seu arsenal que poderiam incomodar os EUA e outros países.
O programa nuclear norte-coreano tem sido uma fonte de preocupação para a comunidade internacional há muitos anos e seu desenvolvimento desencadeou a imposição de sanções contra Pyongyang pelo Conselho de Segurança da ONU.

GUERRA FRIA PODE FICAR QUENTE; ESPECIALISTA ANALISA NOVAS ESTRATÉGIAS DOS EUA PARA CONTER RÚSSIA

EUA estão desenvolvendo estratégias para atacar a península da Crimeia e o Extremo Oriente russo, escreve mídia americana.

Em entrevista ao serviço russo da Radio Sputnik, o analista político-militar da Associação de Cientistas Políticos e Militares Oleg Glazunov comentou sobre o que pode estar relacionado com o desenvolvimento de tais projetos.

“Tendo em conta que ultimamente as nossas relações com os EUA e seus aliados da OTAN se agravaram, da parte deles se pode esperar de tudo, a guerra fria pode ficar quente. Washington e a OTAN realizam exercícios militares no mar Negro, perto das fronteiras russas, e o número de tais exercícios aumentou significativamente, isto é uma tendência muito má”, disse o analista militar.
O governo dos EUA está desenvolvendo novas estratégias de contenção da Rússia e da China, uma delas prevê um ataque à Crimeia e a outra uma agressão contra o Extremo Oriente russo, de acordo com a edição Foreign Policy.

“Se um país tem uma postura amigável em relação a outro, nesse caso ele não realiza esse tipo de eventos e não desenvolve planos de ataque. Estes planos agravam mais ainda a situação, que já é muito complicada no mundo de hoje”, concluiu Glazunov.
Segundo o artigo americano, Washington está querendo se preparar para um “período de rivalidade entre superpotências”. Neste contexto, alguns políticos influentes no governo estão promovendo “uma estratégia de escalada horizontal e inflição de gastos”.

De acordo com esta teoria, a ameaça de eliminação e captura de forças posicionadas a grande distância pode fazer com que o inimigo se abstenha de seus objetivos iniciais, desistindo de uma invasão, diz o artigo na edição americana. Especificamente, se a Rússia ocupar os Países Bálticos, os Estados Unidos poderão atacar tropas russas na Crimeia ou na Síria.

De acordo com os autores do artigo, esta concepção tem poucas probabilidades de ser bem-sucedida. Segundo eles, se tal plano for aplicado, isso poderia causar consequências catastróficas, tendo em conta que a Rússia e a China têm muitas possibilidades de resposta, entre as quais o uso de armas nucleares.

NASA USARÁ CAPACETE DE DARTH VADER PARA BUSCAR AMOSTRAS DE MARTE

Primeira parte da missão será lançada em 2020, e as primeiras amostras do solo e atmosfera marcianos podem chegar à Terra em 2031
Os cientistas que estudam Marte querem pedaços do planeta vermelho aqui na Terra há décadas e finalmente estão conseguindo projetar uma missão para adquirir estes “souvenirs”.

O legado do programa Apollo, que trouxe rochas lunares cuidadosamente coletadas de volta à Terra, reformulou a ciência e nosso entendimento sobre as origens e relação entre nosso planeta e a Lua. Uma missão de retorno de amostras de Marte poderia oferecer o mesmo tipo de potencial, mas o planeta vermelho é um alvo mais assustador do que a Lua.

“É o consenso da comunidade científica hoje”, disse Muirhead, “que, se quisermos responder às perguntas mais difíceis sobre Marte – como, por exemplo, se houve vida lá – precisaremos trazer material de Marte aos nossos laboratórios terrestres ”, disse Brian Muirhead, que lidera o esforço para desenvolver uma missão de retorno de amostras de Marte no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, na Califórnia.

Organizar uma missão para trazer as amostras de volta é um desafio que a NASA pretende enfrentar em parceria com a Agência Espacial Européia. A solução é uma série de veículos espaciais, como o rover Mars 2020 da NASA para selecionar amostras, um “veículo de busca” para coletá-las, um foguete para lançá-las para fora do Planeta Vermelho e uma cápsula para trazê-las de volta à Terra.

A missão Mars 2020 partirá no próximo verão e seguirá em direção à cratera Jezero para um pouso em fevereiro de 2021. Ele conduzirá investigações e coletará rochas interessantes para que sua sucessora leve para casa. Essa missão pode ser lançada em 2026, disse Muirhead. Assim que a espaçonave pousar, ela irá lançar o veículo de busca, pequeno e ágil, que irá coletar os recipientes com amostras preparados pelo Mars 2020.

O próximo item na lista de tarefas é empacotar as amostras para a longa jornada para a Terra. Os cientistas estão projetando uma cápsula de retorno que pode transportar com segurança até 30 amostras de rochas e duas amostras de ar. “Tudo isso se encaixa no ‘capacete de Darth Vader’”, disse Muirhead, referindo-se à forma do contêiner, que será embalado em uma cápsula para a longa viagem. O recipiente com as amostras será selado e esterilizado para garantir que nenhum material marciano solto contamine o ambiente na Terra.

Embora muitas naves espaciais tenham viajado para o Planeta Vermelho, nenhuma jamais retornou. “A viagem de ida é bastante tradicional”, disse Muirhead. “É a viagem de volta que é particularmente desafiadora”. O veículo dependerá de propulsão elétrica para chegar à Terra, onde ejetará o conjunto de amostras em 2031.

A equipe não quer usar pára-quedas, que Muirhead chamou de “notoriamente complicados”. Em vez disso, a cápsula percorrerá seu próprio caminho através da atmosfera da Terra. Isso significa que o veículo precisará desacelerar com cuidado o suficiente para não se esborrachar na superfície, mas não desacelerar tanto a ponto de queimar com o atrito atmosférico.

Apesar da aparente complexidade do plano, Muirhead enfatizou que uma missão de retorno tem como principal objetivo descobrir os segredos científicos contidos nas amostras. “A missão é trazer amostras de volta”, disse ele. “Do ponto de vista da arquitetura e da integridade das amostras científicas, não acho que exista uma solução muito mais simples do que a que estamos considerando”.

RÚSSIA INSTALA NOVÍSSIMOS RADARES NOS MARES BÁLTICOS E CÁSPIO E NO EXTREMO ORIENTE

Estações de radar Podsolnukh, capazes de localizar navios de superfície e objetos voadores além do horizonte, foram instaladas nas regiões dos mares Báltico, Cáspio, assim como no Extremo Oriente russo.

Embora suas caraterísticas ainda sejam mantidas em segredo, sabe-se que o radar tem um alcance entre 200 e 400 quilômetros e que pode detectar tanto aeronaves como embarcações de superfície.

De acordo com o diretor-geral do Instituto de Pesquisas de Comunicação a Rádio (NPK NIIDAR) Kirill Makarov, unidades do poderoso radar, capaz de “ver” além do horizonte, foram instaladas nas regiões dos mares Báltico, Cáspio e no Extremo Oriente.

Ao detectar os objetos aéreos e navais, o Podolnukh-E fornece a informação necessária a uma central de comando para que sejam tomadas medidas e garantida a segurança das zonas econômicas marítimas e costeiras.

Radar Konteiner
Além do Podsolnukh, de acordo com Makarov, está planejada a instalação, no território da Rússia, de pelo menos quatro estações de radar de nova geração Konteiner.

O equipamento é capaz de detectar mísseis hipersônicos , assim como qualquer tipo de objeto aerodinâmico.

“O novo radar Konteiner foi projetado para rastrear todos os tipos de objetos aerodinâmicos. Isso engloba aviões de guerra, incluindo os estratégicos, mísseis balísticos, objetos voadores hipersônicos, etc. O radar usa o fenômeno da reflexão na ionosfera das ondas de rádio na faixa de decâmetro”, disse Makarov.
De acordo com o especialista, as quatro estações do Konteiner serão instaladas no oeste, leste, noroeste e sul do país, estando uma delas já a ser testada na república de Mordóvia.

O equipamento deverá cobrir a chamada zona morta, região não alcançada pelos radares no interior do país.

“Ela [zona morta] tem 900 km de extensão. Por isso, foi decidida a implantação do radar no interior do país. Isso permite ao equipamento estar em segurança e controlar o espaço aéreo de países limítrofes [da Rússia]”, declarou Makarov.
O alcance do Konteiner pode chegar até 3.000 km, podendo rastrear 5.000 objetos voadores ao mesmo tempo.

Uma vez em operação, o equipamento dará uma visão clara do espaço aéreo dos países da Europa Ocidental à Rússia, assim como da região sudoeste do país. Isso aumentará a capacidade de detecção de um ataque aeroespacial contra a Rússia.